domingo, 13 de setembro de 2009

Neurônios em Cores

Em novembro de 2007 cientistas, coordenados pelo Professor Jeff W. Lichtman, do Department of Molecular and Cellular Biology (Departamento de biologia molecular e celular) da universidade de Harvard nos Estados Unidos, publicaram na revista Nature (Vol 450| 1 Novembro 2007) um trabalho que chamou a atenção da comunidade científica. Eles desenvolveram duas estratégias genéticas para produzir camundongos transgênicos que expressam proteínas fluorescentes. Chamado de Brainbow (trocadilho com a palavra inglesa ‘rainbow’ que significa arco-íris) os camundongos fazem jus ao nome dado a eles, pois, após a injeção de um fator de transcrição protéico (o que estimula a expressão dos transgenes nos animais), o cérebro dos camundongos se transforma num verdadeiro arco-íris. Isso ocorre graças à técnica desenvolvidas pelos cientistas que conseguiram combinar randomicamente genes que expressam proteínas fluorescentes quando ativados de modo que as combinações randômicas conseguiram gerar um espectro de 90 cores!
A nova técnica tem tudo para ser promissora e trazer grandes avanços para neurociências, na visualização de sinapses e para melhor entendimento do próprio mecanismo de plasticidade sináptica.
O primeiro passa já foi dado. Agora é só esperar que outro grupos comecem a utilizar aprimorar a técnica para que possamos, cada vez mais desvendar os mistérios do cérebro.
 
PARA SABER MAIS:
Nature:
Transgenic strategies for combinatorial expression of fluorescent proteins in the nervous system
Jean Livet, Tamily A. Weissman, Hyuno Kang, Ryan W. Draft, Ju Lu, Robyn A. Bennis, Joshua R. Sanes & Jeff W. Lichtman
Algumas imagens ilustrando a técnica:

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Apagando memorias aversivas!

Foi publicado essa semana num dos periódicos científicos de maior prestigio internacional, Science, um elegante trabalho que mostra um possível alvo para apagar memórias aversivas. Os grupos de pesquisadores de três universidades que assinam o trabalho: Friedrich Miescher Institute for Biomedical Research, Suíça; Department of Molecular & Cellular Biology,; Cellular Biology, Harvard University, EUA; e Neurocentre Magendie, da França.

O estudo demonstra que é possível "apagar" memórias aversivas mexendo-se em moléculas da matriz extracelular. A matriz extracelular é uma estrutura que une as células dos animais e que é composta de colágeno, proteoglicanos, glicoproteínas e integrinas, essa massa que une as células têm sido demonstrada como importante para a plasticidade sináptica durante a adolescência e á idade adulta. Através de um fenômeno mnemônico chamado de extinção, os cientistas conseguem produzir uma nova memória que é capaz de inibir a memória aversiva inicial (veja o esquema). Em animais jovens foi demonstrado que quando ocorre o fenômeno da extinção (uma nova memória que inibe a expressão de outra) a memória original não volta a se expressar, sendo assim, ela é enfraquecida e logo depois apagada. A responsável por essa capacidade de apagar memórias seria a falta de estruturação da matriz extracelular, que nos pequenos está ainda se estruturando. A partir dessa observação os pesquisadores hipotetizaram se seria possível tornar a matriz extracelular “jovem outra vez” podendo assim apagar memórias traumáticas. A hipótese deles estava correta! Injetando uma droga que desestabiliza a matriz extracelular em uma região do cérebro relacionada com emoções e memórias aversivas (a amígdala) eles foram capazes de,em um rato adulto, repetir o mesmo fenômeno observado em animais jovens, isto é, apagar uma memória traumática.
Esse trabalho traz uma nova luz para o tratamento de doenças relacionadas a memórias negativas, como por exemplo, Transtorno do estresse pós-traumático e até mesmo à dependência química.
PARA SABER MAIS:
Wikipédia:
Science:

Perineuronal Nets Protect Fear Memories from Erasure

Nadine Gogolla, Pico Caroni, Cyril Herry
Science 4 September 2009: 1258-1261